Apresentação

A pobreza e a exclusão social são traços centrais da sociedade portuguesa. A grande proporção de indivíduos nessas situações, bem como a sua persistência ao longo dos anos assim o comprova. A crise que o país vem atravessando bem como as mudanças introduzidas nas políticas públicas nos últimos anos, nomeadamente através da redução dos apoios sociais, de todo o tipo, têm trazido novos desafios e tensões ao combate a estes fenómenos. O número de pessoas em situação de pobreza tem vindo a aumentar o que, em si, representa um desafio forte às políticas sociais em geral e às de combate à pobreza em particular.

É neste contexto que se torna necessário desenvolver um conjunto importante de reflexões sobre as diversas políticas de combate à pobreza e à exclusão social e sobre as políticas sociais de caracter mais geral que as enquadram e potenciam.

Pretendemos discutir os desafios colocados às políticas de combate à pobreza considerando as transformações sociais que têm tido lugar na sociedade portuguesa nos últimos 30 anos, com particular incidência nas transformações recentes.

Começaremos por refletir sobre as políticas europeias de combate à pobreza e à exclusão social, daí partindo para a reflexão acerca das políticas nacionais. Nestas, foi dado relevo particular a três públicos diferenciados: a população beneficiária do RSI, a população cigana e as pessoas com deficiência.

Os trabalhos terminarão com uma mesa redonda em que três dos elementos da equipa responsável pelo primeiro grande estudo sobre a pobreza em Portugal terão oportunidade de debater sobre o que mudou de 1985 para o momento atual no que à pobreza em Portugal diz respeito.

Este evento procura, também, portanto, assinalar os 30 anos do primeiro grande estudo sobre a pobreza em Portugal, suscitando a reflexão sobre os seus aspetos estruturais e conjunturais e sobre as políticas que a combatem.

Para mais, comemoram-se, em 2015, também 30 anos da criação da Associação Portuguesa de Sociologia, data que o colóquio igualmente assinala. Neste sentido, a sua realização representa a vitalidade da APS e das suas secções temáticas e o papel agregador que desempenha junto dos e das profissionais da sociologia. Mas representa também o serviço à sociedade portuguesa que a APS presta como estimuladora dos debates sobre as questões centrais que a perpassam, definem e condicionam.